Apple anuncia mudanças em seu portfólio de produtos.
No dia 25 de março, a empresa sediada em Cupertino, California, saciou as expectativas do mercado sobre quais seriam seus próximos passos. Uma série de quatro lançamentos marcou o evento realizado no icônico Steve Jobs Theater. Dentre as novidades, seu aguardado serviço de streaming, o Apple TV+, seguido do Apple Card, um cartão de crédito que a companhia desenvolveu em parceria com a MasterCard e o Goldman Sachs. Um pouco distante dos holofotes, Apple Arcade, trazendo um serviço de jogos por assinatura e Apple News+, com a mesma proposta para jornais e revistas, complementaram as novidades.
Em declaração publicada no site Barron's no dia seguinte aos lançamentos, Toni Sacconaghi, analista na Bernstein, estimou um upside de US$ 15 bilhões na receita da empresa para os quatro novos segmentos dentro dos próximos cinco anos. Apesar do número expressivo, a quantia representa menos de 6% do faturamento de US$ 265,595 bilhões reportado no site da gigante de tecnologia em 2018.
A sequencia de inovações é posterior à divulgação de seu mais recente smartwatch, o Apple Watch Series 4, cuja principal novidade em relação à terceira versão está no sensor de batimentos cardíacos desenvolvido pela Apple.
Imagens: Divulgação/Apple
Sobre os fatos apresentados, destacamos os seguintes pontos:
+ Apple agrega finalmente uma funcionalidade representativa ao seu smartwatch (algumas vidas já foram salvas) e pode expandir a fatia do produto nas receitas da empresa, que em 2018 foi inferior a 7%, de acordo com formulário 10-K divulgado em seu site de relações com investidores;
+ Caso consiga angariar sucesso em jogos exclusivos para o Apple Arcade, a modalidade pode ampliar as margens anteriormente limitadas à venda de jogos individuais na Apple Store.
+ Serviços de streaming (Apple TV+) e assinatura de jornais e revistas (Apple News+), possuem um vasto potencial caso consigam ser concentradas, dada a grande capilaridade de assinaturas que o consumidor precisa administrar.
- Tim Cook não deixou tão clara a proposta do Apple Card, e o quanto isso pode ser um catalisador de recursos para a empresa, visto que o cartão gera um cashback de 2 a 3% das compras realizadas.
- A parcial dependência do Apple Watch com o iPhone pode ser um limitador de compras para alguns consumidores que não desejem migrar seus aparelhos celulares para a marca;
- A alta concorrência no mercado o de smartwatchs (Samsung) e serviços de streaming (Netflix), força a Apple a estabelecer uma fidelidade religiosa de seus consumidores, independente do custo-benefício de seus produtos.
Apesar de mostrar que está buscando diversificar sua receita, a Apple parece estar caminhando a passos curtos. As novas fontes de receita terão um enorme caminho para reduzir a preocupante dominância do iPhone, que foi de 62% no faturamento da empresa em 2018. Impactos positivos dos lançamentos nos próximos resultados financeiros serão essenciais para gerar o conforto necessário aos investidores sobre o futuro da empresa.
Mesmo que não sejam claras, aplicações que não são perceptíveis ao consumidor podem justificar o investimento da Apple nestes lançamentos. O potencial de utilização de sensores cardíacos engloba desde a prática de atividades físicas até o monitoramento de idosos em condições de saúde delicadas. Não obstante, a informação do nível de atividade física de cada pessoa pode influenciar até mesmo a indústria de seguros, gerando uma precificação diferenciada de acordo com o estilo de vida do assegurado.
A única certeza é que grandes empresas como a Apple terão cada vez mais informações sobre o comportamento de seus consumidores. O que pode ser sinal de alerta para alguns, segue como incógnita para analistas, de modo a desvendar como essas empresas irão ampliar seu crescimento a partir da ampla gama de dados que possuem.
As ações da empresa, negociadas na NASDAQ, fecharam o último pregão cotadas a US$197,00, com uma capitalização de mercado de US$ 928,91 bilhões, caminhando para seu recorde de US$ 1 trilhão alcançado em agosto de 2018.
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Disclaimer: A publicação acima não configura recomendação de compra ou venda sobre qualquer ativo ou empresa citada, refletindo somente a opinião do autor sobre os fatos apresentados.
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