As ações da Netflix não param de cair. Terminaram o mês de dezembro de 2021 a US$ 612 e antes do final de janeiro de 2022 já são negociadas por apenas US$ 366! O que está acontecendo com a empresa para justificar essa queda de mais de 40%? Ou o que aconteceu com o mercado para que os investidores desejassem se livrar das ações da companhia?
Você vai entender tudo isso agora:
Tudo começou no dia 21 de janeiro de 2021. Neste dia as ações caíram incríveis 21,79% (a maior perda em um único dia dos últimos 10 anos). O motivo?
Na noite anterior a empresa divulgou seus resultados do quarto trimestre de 2021. Um evento até então normal e recorrente, mas que não dessa vez teve informações que não agradaram muito os investidores.
Mas como os resultados divulgados podem ter afetado tanto a empresa, se o mercado projetava um lucro por ação de US$ 0,82 e a companhia entregou US$ 1,33, um resultado acima do esperado?
Primeiro vamos lembrar de uma máxima do mercado:
A bolsa de valores precifica o futuro, não o passado.
Ainda que resultados acima do esperado normalmente se traduzam em um desempenho positivo das ações no dia seguinte, o que determina mesmo o rumo das ações é a expectativa com os próximos resultados.
E com a Netflix, a expectativa não é das melhores...
Ainda que a companhia tenha alcançado a incrível marca global de 221,8 milhões de assinantes (o que é mais do que TODA a população do Brasil), e desse total, 8,3 milhões tenham entrado no último trimestre (em linha com a expectativa de 8,5 milhões), o crescimento da Netflix pode ser bem menor que o esperado em 2022.
A tendência de desaceleração já é uma realidade. O número de novos assinantes em 2021 (18,2 milhões) já foi menor que o de 2020 (36,6 milhões), quando assistir Netflix parecia uma das poucas opções de entretenimento para um mundo em Lockdown.
Para 2022, as projeções tendem a um número ainda menor que em 2021, pelo menos é o projetado para o primeiro trimestre. E esse é o primeiro motivo para que as ações da companhia tenham tido uma queda tão substancial.
Motivo 1) A Netflix revisou as projeções para o 1º Trimestre de 2022. Analistas projetavam uma adição de 6,26 milhões de novos assinantes, mas foram surpreendidos quando a companhia disse que a sua expectativa é de apenas 2,5 milhões a mais (algo ainda menor que em 2021).
A justificativa da empresa de streaming é que os lançamentos (que normalmente impulsionam o número de assinantes) estarão mais concentrados no final dos três primeiros meses de 2022. Por esta sazonalidade de conteúdo, este pode ser um trimestre mais fraco.
Motivo 2) Impacto Cambial. A exposição global da Netflix, somada a um dólar fortalecido, deve impactar na perda de US$ 1 bilhão em faturamento em 2022 (um impacto de 3,4% se comparado à receita de US$ 29,6 bilhões em 2021).
Motivo 3) A Disney não é um mundo encantado para a Netflix. Desde que a produtora de filmes avançou com força no segmento de streaming, juntando-se à Amazon, HBO e muitas outras, a Netflix se deparou com uma competição com a qual não estava acostumada.
Disney e HBO parecem cada vez mais próximas, e a disputa por usuários parece cada vez mais intensa em um mercado endereçável de cerca de 800 milhões de potenciais assinantes.
Mas a companhia tem tido relativo sucesso em seu conteúdo produzido. 6 das 10 séries mais procuradas no Google em 2021, foram produzidas pela Netflix, enquanto a presença dos filmes, ainda que menor, foi de 2 entre os 10.
Motivo 4) Margens em queda. No resultado foi possível observar que a margem operacional da Netflix caiu de 14,36% no quarto trimestre de 2020 para apenas 8,19% no mesmo período de 2021. O declínio recente impactou nas projeções de margens a companhia, que cessaram a expansão e devem passar dos 20,9% observados em todo o ano de 2021 para algo entre 19 e 20% em 2022.
Com a concorrência tirando seu conteúdo da plataforma da Netflix e levando para suas próprias plataformas de Streaming, a companhia tem sentido uma necessidade muito maior de capital para produzir seu próprio conteúdo.
Essa pressão na rentabilidade acendeu o alerta nos investidores. Entretanto, a companhia segue em níveis saudáveis uma vez que o custo marginal por novo assinante é muito baixo, e assim a companhia consegue diluir melhor seu custo fixo. Por isso a preocupação com novos assinantes é tão grande.
Motivo 5) O iminente aumento de taxa de juros nos Estados Unidos tende a pressionar de forma natural as empresas Tech e de crescimento como a Netflix, uma vez que boa parte do valor destas companhias está concentrado no futuro, e com uma taxa de juros mais elevada, não só aumenta o custo do capital que precisa ser acessado agora para suportar o crescimento, mas também reduz-se o valor presente das companhias.
Motivo 6) Inflação. Nós brasileiros sabemos bem o que é a inflação e como ela pode afetar nosso poder de compra, e sem dúvidas as dificuldades financeiras já levaram muitos brasileiros a cancelar a sua assinatura nos últimos meses.
Apesar de ser algo desejável, é inquestionável que em momentos de rever os gastos, pagar em média R$ 40 por mês para ter acesso à Netflix não seja algo tão essencial assim. E os americanos parecem estar sentindo o mesmo com a inflação dos Estados Unidos alcançando os 7% em 2021 (maior nível desde 1982)
Bônus: Parece que o dia seguinte à divulgação de resultados não tem sido muito agradável para a Netflix. As ações avançaram em somente 2 dos últimos 12 trimestres. Expectativas elevadas = Maior risco de decepção.
Mas vale uma reflexão. O negócio da Netflix se retroalimenta, e é altamente dependente de uma liderança de mercado. Quem tem mais assinantes, mais fatura, tem mais dinheiro pra produzir mais conteúdo de qualidade, o que traz mais assinantes, que geram mais dinheiro, e que permitem mais conteúdo....
Entendeu a lógica?
Esses foram alguns dos motivos que tiraram o sono da empresa (e de seus acionistas) nos últimos dias. E não, este não é o fim da Netflix. Sem dúvidas os desafios serão maiores, e o crescimento mais lento, mas sem dúvidas há muito a ser conquistado pela companhia, seja em séries e filmes, ou em outros nichos ainda pouco explorados (Games?).
Dê o Play no vídeo que fizemos com a análise completa:
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