A sexta-feira finalmente chegou. E com ela, o dado mais aguardado pelos investidores não só aqui no Brasil, mas em todo o mundo.
Precisamente às 09h30 da manhã (horário de Brasília) do dia 02 de setembro de 2022, o Bureau of Labor Statistics divulgou os dados de Payroll de Agosto.
Mas antes de nos aprofundarmos sobre os impactos desse indicador na bolsa americana, vamos entender o que ele representa.
O que é o Payroll?
O Payroll traz as informações mais completas sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos, com algumas informações sobre saldo de contratações, ganho médio por hora e taxa de desemprego.
Além desses, muitas outras informações desse relatório mensal ajudam a entender a economia americana. Um verdadeiro Raio-x.
Só que esse não era qualquer Payroll. Ele era especial.
Por que esse número era tão aguardado pelo mercado?
O Payroll sempre é bastante aguardo. Mas o cenário atual da economia americana aumentou a importância desse relatório no mês de agosto.
A inflação americana já está em 8,5% no acumulado últimos 12 meses, valor substancialmente acima do nível histórico para um país desenvolvido como os Estados Unidos.
Buscando conter esse aumento expressivo dos preços, a economia americana está passando por uma fase de aumento na sua taxa de juros.
Ok, mas o que a taxa de juros tem a ver com o Payroll?
O trabalho do Comitê de Política Monetária do Federal Reserve é conter a inflação. E para isso, ele precisa frear a demanda aumentando a taxa de juros.
Se a economia continua muito forte, com um mercado de trabalho bastante empregado, ganhando mais, o Fed precisa ser mais duro em sua política monetária.
E se ele precisa aumentar a taxa de juros, isso acaba sendo ruim para a bolsa americana, já que as empresas sofrem com aumento do custo de capital e a bolsa se torna menos atrativa frente à renda fixa.
É contraditório, é ruim, talvez cruel.
Mas o impacto negativo da inflação seria muito pior, e por isso o trabalho de aumentar os juros (infelizmente) precisa ser feito.
E para entender como a economia estava andando, nada melhor que o Payroll.
Eis que a sexta-feira chega e o número é divulgado.
A criação de vagas de emprego (315.000) foi um pouco acima do esperado pelo mercado (298.000). Um número relativamente forte e que pela teoria que retratamos acima deveria ter uma reação negativa do mercado.
Mas as coisas não foram tão boas assim.
A taxa de desemprego subiu de 3,5% para 3,7%, o que acabou agradando o mercado com o racional de que o Federal Reserve talvez não seja tão agressivo para subir a sua taxa de juros.
A participação na força de trabalho também aumentou, provavelmente justificando o aumento na taxa de desemprego. Esperava-se uma taxa de participação de 62,2%, e o número veio acima: 62,4% (vs 62,1% em julho).
Alguns outros destaques do Payroll de Agosto:
Revisões -107,000 Empregos nos 2 últimos meses.
Payroll - Privados: +308.000; Est. +298.000
Média de Horas Trabalhadas na semana: 34,5 horas; Est 34,6.
Payroll de Manufatura: +22,000
Ganho médio (US$) por hora (vs Ago/21): +5.2%
Ganho médio (US$) por hora (vs Jul/22): +0,3%; Est. +0,4%
O que o mercado achou do Payroll de Agosto nos EUA?
Mais pessoas no mercado de trabalho procurando por emprego. Menos pessoas conseguindo. Menos pressão por salários (já que tem mais pessoas dispostas a trabalhar). Menor renda disponível. Menos inflação. Menor o trabalho do Federal Reserve em subir a taxa de juros. Bolsa pra cima.
Logo após a divulgação do Payroll, a projeção implícita de uma alta de 75 bps caiu de 75% para 62%, e a de 50 bps aumentou de 25% para 38%, o que agradou os mercados e impulsionou as bolsas.
Mas não foi o suficiente. A bolsa americana apagou os ganhos ao longo do dia e fechou a sexta-feira em queda.
Pelo visto, teremos que acompanhar as próximas falas do Federal Reserve em busca de pistas sobre a próxima decisão da taxa de juros em 21 de setembro.
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