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Entenda por que a China vive um perigoso problema que vai além do Evergrande...

O mercado parece já ter esquecido o caso Evergrande... mas alguns dados recentes podem tirar o sono do investidor que acredita que o gigante asiático será capaz de replicar o crescimento da última década.

A seguir, iremos apresentar alguns dados alarmantes que endossam o motivo de nossa percepção sobre o enfraquecimento estrutural do mercado imobiliário chinês, e como isso pode ter um impacto negativo nas commodities e no Brasil.


Na China, cerca de 40% dos ativos das famílias são lastreados em ativos imobiliários e 29% do PIB do país vêm do setor. Como consequência dessa exposição, uma queda no preço dos imóveis (como é esperada) pode ter um impacto significativo no poder de compra dos consumidores e na arrecadação fiscal do país.

Mas por que a demanda por habitação será menor? Dados recentes mostram que 75% das cidades chinesas já estão presenciando uma queda populacional. Paralelamente, o número de mulheres em faixa etária de gestação, deve cair 30% na próxima década. Com a queda na taxa de natalidade, é natural a redução na demanda por novas propriedades.


O que mostra a queda do setor imobiliário? O valor das vendas de imóveis na China caiu 20% em agosto em relação ao ano anterior. Em setembro de 2021, as vendas em 52 grandes cidades caíram 16% na primeira metade do mês na comparação anual.


Outros dados mostram o quão inflado está o setor imobiliário Chinês. Uma série de edifícios defeituosos ou inacabados por falta de recursos em cidades fantasma estão sendo simplesmente demolidos. Há propriedades VAZIAS no país suficientes para abrigar 90 MILHÕES de pessoas.


Por que o desempenho da China importa tanto? A China contribuiu com 28% do PIB mundial de 2013 à 2018 com o boom do mercado imobiliário. Caso essa estratégia não se perpetue, o mundo poderá ter um crescimento menos acentuado nos próximos anos.


Nossa conclusão é de que o enfraquecimento do setor deve continuar sendo um sinal de alerta para as commodities ligadas à construção no médio prazo, o que deve impactar bastante o Brasil e sua exportação.


Portanto, o alívio que tivemos após a solução para a Evergrande parece ser apenas um desfecho de curto prazo para um problema estrutural muito maior.


Outro fator é que o ''perdão'' do governo chinês sobre uma displicência corporativa dessa magnitude tende a incentivar ainda mais a continuidade da alavancagem financeira em níveis extremamente elevados no setor imobiliário, o que pode contribuir para a escalabilidade do problema.


A economia chinesa pode não colapsar por conta do caso Evergrande, mas sem dúvidas a transição para um modelo de crescimento que não dependa do setor imobiliário pode sinalizar um forte desafio (e um PIB modesto) para os próximos anos.


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